Apesar de serem muitas vezes incompletos, pouco rigorosos e nada imparciais, os estudos de mercado podem quando bem realizados fornecer um manancial de informação relevante para a tomada de decisões, tomando o cuidado de levar em linha de conta as devidas diferenças entre os contextos nacionais.
Recentemente, foram divulgados dois estudos sobre os hábitos dos consumidores de música que têm o mérito de quantificar com dados empíricos aquilo que eu e muitas outras pessoas acreditavam: não só o interesse das pessoas em geral pela música tem vindo a aumentar mas também a percentagem de adolescentes que dedica mais atenção a esta actividade no seu quotidiano é também cada vez maior.
Um deles foi encomendado pela editora britânica Bauer Media, responsável por revistas como FHM, Kerrang, Q e Mojo, e segundo a Music Week indica que 44 por cento dos inquiridos consumiram mais música este ano do que no ano passado, tendo 75 por cento se identificado como melómanos ou amantes de música. O mais significativo é que a música foi o tipo de interesse mais popular de entre todos os dados à escolha: 46 por cento dos inquiridos disseram que era um dos seus interesses favoritos.
Um dado que indica – ainda que implicitamente – que os fãs de música não estão “nem aí” para o facto das músicas das suas bandas preferidas poderem ser usadas para fins publicitários ou promocionais de empresas comerciais é que 69 por cento dos fãs mais acérrimos de música concordaram que as marcas constituem novas fontes de receitas para a indústria da música. A questão que aqui fazia falta era saber se eles concordavam ou nãoque uma banda recorresse a esse tipo de fonte de receita adicional.
Do outro lado do Atlântico, a Consumer Electronic Association (CEA) também divulgou na semana passada os resultados de uma pesquisa baseada numa amostra de adolescentes norte-americanos segundo os quais a música constitui a actividade mais popular entre os jovens. Se não há nada a contestar neste dado, a ausência de qualquer referência directa ao P2P e aos downloads ilegais na questão sobre quais as formas que eles utilizam para aceder à música é, no mínimo, muito estranha:
58 por cento disseram que costumam comprar a música que ouvem;
56 por cento pedem-na emprestada;
52 por cento recebem CDs de presente;
51 por cento compram-na em lojas online. Esta última categoria registou um aumento de dez por cento em comparação com 2006;
47 por cento obtêm-na a partir de fontes online como o YouTube – será que é aqui que se incluem o P2P e os downloads ilegais em geral?
É certo que os contextos sociais e económicos do Reino Unido e dos Estados Unidos são substancialmente diferentes aos de Portugal. Mas isso não é caso para não tentar retirar destes dados algumas ilações para o mercado português.
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